Dicionário Smart-Esperto

Ultra modum, sine causa.

quarta-feira, abril 23, 2008

Colour of the fleeing donkey - Cor do burro quando foge

Esta expressão remonta à fuga da casa real portuguesa para o Brasil na iminência da invasão napoleónica. Dizem os historiadores que D. João VI, ao embarcar, assumira uma cor levemente esverdeada, não se sabe ao certo se por causa dos enjoos do mar, se em antecipação pelos largos anos que iria passar no meio da selva amazónica.
No 25 de Abril de 1974, a mesma coloração foi observada em Marcello Caetano, por coincidência também ele a caminho do Brasil, mas julga-se que tal se devia à transferência de cor das fardas dos militares que o detiveram no Quartel do Carmo.
Mais recentemente, um primeiro-ministro mudou da sua cor original (um rosa foleiro) para azul cueca, quando fugiu desesperadamente do pântano para campos de refugiados espalhados por todo o Terceiro Mundo.
Curiosamente, o seu sucessor também mudou da sua cor original (um laranja manhoso) para um azul forte, não se sabe exactamente se a fugir do país em tanga, se das armas de destruição em massa que ele jura ter visto numa fotografia, ou mesmo de um cherne gigante que o atormenta no leito matrimonial.
|| myguiltyself, 09:43 || link || (0) comments |

sexta-feira, abril 18, 2008

The Bandit's Song - A Canção do Bandido

«A Canção do Bandido» foi o título da primeira e mais audaciosa obra de Filipe La Féria, estreada em 1994.
La Féria começou a trabalhar nesta obra em 1974 depois de ter lido a balada «The Beggar's Opera» de John Gay - um autor que Filipe descobriu por acaso ao perseguir outros interesses. Imediatamento fascinado pelo universo de Gay, o encenador descobriu que já existiam mais duas adaptações da mesma obra, nomeadamente a «Ópera dos Três Vinténs - Die Dreigroschenoper» de Bertolt Brecht e Kurt Weill, e a «Ópera do Malandro» de Chico Buarque, que La Féria absorveu avidamente e queria adaptar à realidade portuguesa.
Originalmente «A Canção do Bandido» seria uma peça em 10 actos, cada um inspirado num canto d' «Os Lusíadas», e pretendia retratar o espírito indomável e aventureiro dos Portugueses. Contudo, dadas as restrições orçamentais impostas pelo MFA, pelo PREC, pelo FMI, pelo SLB e pela OMS, La Féria teve de abdicar do seu sonho inicial e, em 1980, começou a trabalhar numa versão mais curta, com 3 actos, o primeiro baseado na personagem Carlos da Maia, de Eça de Queirós, o segundo inspirado na fuga de Álvaro Cunhal do Forte de Peniche e o terceiro inspirado na figura de Ramalho Eanes, culminando apoteoticamente com a sua eleição para Presidente da República.
Quando Portugal aderiu à CEE, em 1986, La Féria solicitou imediatamente um subsídio extraordinário para poder completar a sua obra-prima, que, graças ao dinheiro do Fundo Europeu para o Desenvolvimento de Ideias Parvas, passaria a ter 26 actos, compostos por 3 quadros cada, sendo que o grosso do investimento serviria para construir uma auto-estrada a ligar os palcos do Teatro Nacional D. Maria II e do Teatro Nacional São João, o que permitiria que a acção da peça fosse apresentada em digressão constante pelo país e sem custos para o utilizador.
Todavia, o falhanço das políticas culturais de Pedro Santana Lopes - que gastou a massa em jantaradas com a Christiane Torloni - forçou La Féria a reduzir a sua ambição e a extensão, dizem as más-línguas, megalómana, da peça.
Desiludido, mas não vencido, Filipe trabalhou com afinco e «A Canção do Bandido» estreou finalmente no Festival RTP da Canção de 1994, como uma cançoneta medíocre de 3 acordes e uma quadra de Santo António a servir de refrão repetido até ao vómito - uma forma bastante mais consentânea com o espírito do povo que pretendia retratar.
|| myguiltyself, 12:10 || link || (0) comments |

quarta-feira, abril 16, 2008

To Give Music - Dar Música

Os sistemas implementados nas linhas de apoio ao cliente, que põem as pessoas a ouvir grandes sucessos da música descartável enquanto des(esperam) por falar com alguém, têm duas vertentes de dissuasão. Em primeiro lugar apoiam-se no facto científico não comprovado de que a música acalma os animais, dando assim música em enormes quantidades a todos os clientes com o intuito de os acalmar e tornar mais dóceis para a interacção com o operador da linha. Em segundo lugar, procuram prolongar e repetir a dádiva da música (de preferência sempre a mesma) até à exaustão, para que o cliente se farte a ouvir a mesma coisa e desista da reclamação.
Em casos extremos, quando um operador atende o telefone e se apercebe que o seu interlocutor já só quer gritar com alguém por ter passado três quartos de hora a ouvir música da treta, o operador tem duas opções ao seu dispor: cantar-lhe a canção do bandido (outro método infalível para apaziguar clientes furiosos), oferecendo-lhe coisas que ele não pediu, não quer, e só lhe trazem desvantagens; ou passar o cliente para outro operador, na realidade reintroduzindo-o no sistema que dá música. Esta segunda opção permite prender o cliente num ciclo kafkiano de musiquetas e desculpas esfarrapadas.
O terceiro objectivo destes sistemas é forçar o cliente a ligar para uma linha de valor acrescentado, cujas receitas revertem a favor da empresa, e mantê-lo em linha tanto tempo quanto seja necessário para que seja efectivamente o cliente a pagar o serviço de apoio aos clientes.
|| myguiltyself, 13:51 || link || (0) comments |

To Impregnate Through the Ear - Emprenhar Pelo Ouvido

Desde tempos imemoriais que o homem procura encontrar uma explicação plausível para a forma aparentemente fácil com que certas senhoras engravidam. Além dos casos em que tal estado de graça se explica pelas relações sexuais entre indivíduos férteis e de sexos opostos (que pode explicar muita coisa, mas não explica tudo), eis alguns casos com explicações alternativas, mas não menos plausíveis:
Em 1495, o bom frade Fornicius de Albelda, descobriu que num convento de Carmelitas Descalças, 25 em 30 noviças, em estrita clausura há mais de três anos, estavam prenhas. Foi possível determinar que por aquele convento tinha passado um grupo de frades franciscanos a caminho do Festival da Canção Gregoriana e que as noviças grávidas muitas vezes os tinham ouvido a ensaiar. As noviças que não estavam grávidas, pelo contrário, só cantavam umas para as outras e pareciam tomar muito gosto nisso. Perante tais evidências, o irmão Fornicius concluiu que as moças tinham engravidado pelo ouvido em grupo.
Em 1893, Cornélio dos Santos, emigrado no Brasil, relatou que a mulher, de seu nome Fidelíssima dos Prazeres Santos, a quem ele tinha visto pela última vez em 1884, estava grávida de 4 meses. A data da concepção coincidia felizmente com a chegada de mais uma carta que Cornélio lhe tinha escrito e que, como era habitual e porque ela não sabia ler, lhe tinha sido lida pelo solícito carteiro. Concluiu o padre, que ouviu Fidelíssima em confissão, que a senhora tinha emprenhado pelo ouvido por interposta pessoa.
De 1979 a 1975, Jacinto Colaço, na altura emigrado em França, telefonou todos os meses para a mulher, Maria Colaço, que durante o mesmo período de tempo, lhe deu 3 filhos. Dado que em Penaguião o único telefone era do doutor Frasco, era para casa dele que Jacinto ligava e onde Maria atendia. Quando pediram uma explicação ao próprio doutor Frasco, este afirmou peremptoriamente que a ciência já tinha avançado tanto que já era possível emprenhar pelo ouvido pelo telefone.
|| myguiltyself, 11:29 || link || (0) comments |

segunda-feira, abril 14, 2008

There are more Maries in the land - Há mais Marias na terra


Resposta pronta de Maria, quando o Anjo Gabriel lhe apareceu durante a noite:
- Mas que raio de conversa vem a ser essa? Imaculada conceição, filho de Deus... Quem é você? Como é que entrou aqui em casa? Isto aqui não é o da Joana! É da Maria e do José!
O anjo, apaziguador, tenta explicar-se melhor:
- Ó minha senhora, tenha lá calma, que eu sou só venho trazer um recado. O Senhor lá de cima, diz que você foi escolhida...
Interrompe Maria, cada vez mais mais intrigada e irritada:
- O vizinho de cima? O Artur? Mas o homem está parvo? E donde é que você o conhece? Explique-se! O meu marido está para chegar a casa e se nos apanha nestes preparos ainda acontece alguma desgraça!
Corta o anjo, procurando acalmar a Virgem:
- Não venho da parte de Artur nenhum, venho da parte de Deus, Senhor de Todas as Coisas, para lhe dizer que você foi escolhida para trazer no ventre o filho Dele.
Rosna Maria, desconfiada:
- Escolhida? Escolhida, como? Eu não mandei nada para esses concursos da televisão, nem ninguém me perguntou se eu queria ser escolhida! Você é capaz de estar a fazer confusão com a Maria Armanda, que mora lá mais abaixo, no 5º F. Ela é que vai aos concursos todos e naquelas viagens a Espanha para comprar tapetes e trens de cozinha.
O anjo, visivelmente agastado com as constantes interrupções, levanta a voz e a espada de fogo:
- Ai o caraças, o catano e o camandro! Cale-se mulher! Não vim aqui para lhe perguntar se quer ser mãe de Deus, vim só para a informar! Assim, quando o seu marido, que não você não vê à quinze meses, chegar amanhã e a vir prenha, você sempre tem uma história mirabolante para o distrair do óbvio!
Maria contra-ataca:
- Como é que você sabe tanta coisa? É bruxo? Se é bruxo devia saber que eu não sou dessas que anda para aí com um e com outro enquanto o marido está longe a ganhar para o sustento da família. Deve-me estar a confundir com a Maria dos Anjos, do 9ºB. Essa é que anda sempre num corropio com os "anjos". Deve aviar aí uns três ou quatro cada tarde.
O anjo, com os olhos a chispar, urra:
- Irra, que você dá cabo da paciência a um santo! Adeus!
Maria ainda grita para o anjo que entretanto já abriu a janela e saiu a voar:
- Há mais Marias na terra! Tem a certeza que não queria falar com a Maria Elisa? A do 3ºD? Essa é que anda sempre de balão! Parece que emprenha pelo ouvido!

|| myguiltyself, 18:04 || link || (0) comments |

quinta-feira, abril 10, 2008

To count with the egg in the chicken's ass - Contar com o ovo no cu da galinha

Vértice omisso da escola pitagórica, o ovo juntava-se aos quatro elementos - terra, água, ar e fogo - no pentagrama da 'Razão Áurea'. Talvez por isso, Pitágoras não tenha hesitado em colocar a galinha no seu centro; facto igualmente desconhecido, mas que desvendou o bafiento enigma de "quem veio primeiro" ainda na infância da Humanidade.
Segundo o pitagorismo, a essência - princípio fundamental que forma todas as coisas - é a galinha. Os pitagóricos não distinguem forma, lei e substância, considerando a galinha o elo entre estes elementos.
Foi, de facto, rodeado destes seres cacarejadores e poedeiros que o matemático urdiu o teorema pelo qual se tornou célebre, no qual, originalmente, o cu da Matilde é que equivalia à soma do quadrado dos catetos.
|| napalmneto, 17:27 || link || (0) comments |

Boot-Crapper - Borra-Botas

Um dos muitos cognomes de Dom Afonso Henriques. Reza a lenda que o rei, sempre apressado, cavalgando de uma batalha da Reconquista para a seguinte, para não perder tempo a desmontar do cavalo sempre que precisava de obrar, desenvolveu uma técnica apurada que lhe permitia descalçar uma bota e fazer o serviço lá dentro, sem nunca perder a compostura própria de um monarca. Dizem alguns cronistas que Martim Moniz era o esvaziador oficial das botas do rei, um cargo bem em consonância com as suas capacidades e lealdade canina, que mais tarde o levaria a ser realmente entalado.

|| myguiltyself, 12:16 || link || (1) comments |

domingo, abril 06, 2008

To Put Oneself in the Drugs - Meter-se na Droga


Quando os agentes americanos da DEA entraram finalmente na mansão de Pablo Escobar, em Medellín, depararam-se com uma grande piscina completamente seca e com vestígios de cocaína no fundo. Ao interrogarem alguns antigos empregados do barão da droga ficaram estarrecidos com o que lhes foi dito: o patrão metia-se na droga, mas não se drogava... Desde muito pequenino, Pablito sempre revelou uma grande empatia pela figura do Tio Patinhas, chegando mesmo a jurar que ele próprio havia de ser quaquilionário e havia de um dia nadar numa piscina de dinheiro. Na verdade, como o dinheiro não era coisa muito abundante na Colômbia, nem o ele tinha grande jeito para as finanças, Pablito teve de se adaptar à realidade, nunca perdendo de vista o seu ídolo da Disney. Assim, em vez de guardar religiosamente a sua primeira moeda, Pablo protegia com a própria vida o primeiro grama de branca de sua distribuição. Como não pôde ser quaquilionário, foi cocalionário. Como não podia nadar em dinheiro, mandou fazer uma piscina e encheu-a de cocaína para poder nadar no pó.
|| myguiltyself, 21:44 || link || (0) comments |
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