Dicionário Smart-Esperto

Ultra modum, sine causa.

domingo, outubro 28, 2007

Nineteen hundred and switch the pace - Mil novecentos e troca o passo

À semelhança dos anos bissextos e da infame 'mudança da hora', surgiu na década de noventa um novo ano, criado com o objectivo de manter o calendário gregoriano em sincronia com os eventos cósmicos sazonais.
Inserida entre 1994 e 1995 (se não nos falha a memória), esta adenda secular tem a particularidade de nunca existir numeralmente, o que poderá dar lugar a algumas falhas cronológicas e incongruências no consciente colectivo.
Para o novo milénio estão previstos apenas dois 'troca o passo', o suficiente para Pedro Abrunhosa poder completar a sua discografia sem impor mais danos à órbita terrestre. Um ano para esquecer.
|| napalmneto, 19:37 || link || (0) comments |

quarta-feira, outubro 24, 2007

You Are Here, You Are Taking - Estás Aqui, Estás a Levar

Esta é uma das mais influentes expressões do Português, cunhada no século XIV por Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota, inventora do take-away.
Rezam as crónicas que Brites (a Britadeira para os amigos), em dia de grande aflição, aviou uns quantos Espanhóis que queriam invadir Portugal. Na realidade, supõe-se que Brites não teria morto os ditos Espanhóis, como querem fazer crer os mais mórbidos. Os senhores chegaram esfomeados, queixando-se que vinham de Salamanca e que estavam com pressa de chegar à guerra, portanto não podiam perder tempo a comer sentados à mesa ali no estaminé. Brites sugeriu que levassem 2 pães com chouriço, 2 cachorros (um com cebola e sem ketchup e o outro com tudo) e meia-dúzia de minis para comer pelo caminho, o que eles prontamente aceitaram e ainda quiseram 4 bolinhas de mistura para o pequeno-almoço do dia seguinte. Brites viu imediatamente o potencial do negócio e mandou pintar um grande painel com os dizeres «Estaides aqui, Estaides a Levardes». Assim foi inventado o conceito de take-away, que os Portugueses se encarregaram de espalhar pelo mundo.
No Brasil, as padarias - maioritariamente propriedade de Portugueses, quiçá descendentes da própria Brites - tentando acomodar os costumes locais, expandiram o conceito para «Cê tá aqui, tá levando a grana do caixa, o relôgio da moça e três pães de queijo». Na Venezuela, outra grande nação sul-americana com forte presença lusa, as padarias adaptaram o conceito para «Usted está aqui e desea llevar el hijo del dueño para pedir un rescate».

Muito posteriormente esta expressão foi traduzida erradamente para «You are here, you are eating (Estás aqui, estás a comer)» e usada como conceito fundamental da indústria da comida rápida e dos snack-bares.
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quarta-feira, outubro 17, 2007

Of thinking, a donkey died - A pensar morreu um burro

Foi no salão paterno que Sophie conheceu o Conde Eugène Ségur, que lhe proferiu pela primeira vez estas palavras («De tant penser, l'âne est mort», no original, referindo-se a uma pequena anedota de uma viagem sua a Marrocos) e com quem se casaria a 14 de Julho de 1819 .
Um matrimónio em grande parte infeliz, sendo que o esposo era ausente, descuidado (além de pobre), e suas inconstantes visitas ao castelo onde morava a Condessa, a despeito disso, renderam-lhe oito filhos - a ponto de o conde se referir à esposa como «la mère Gigogne» (ou «a mãe Matrioska»), numa referência às bonecas de madeira típicas da Rússia, onde uma figura esconde outra em seu interior e assim sucessivamente.
Farta de pensar em tudo isto; em Napoleão, nas couves e nas batatas, para não falar dos quase 40 anos de estopada conjugal, a Condessa de Ségur resolve escrever o seu primeiro conto com a idade de 58 anos. Uma chachada infantil cujo nome agora nos escapa, mas o que realmente interessa é que Sophie conseguiu canalizar os seus sentimentos, pá, chegar às crianças, 'tás a ver?
O seu livro, Memórias de um Burro, sintetiza ainda hoje o espírito da repressão feminina novecentista, inspirando autoras modernas desde Margarida Rebelo Pinto até Oprah Winfrey, que pensam que têm alguma coisa a dizer, a alimentarem os nossos pobres estômagos de ruminantes. Já agora, a vizinha sabia que «livro» também é o nome dado a um estômago? Assim se fala bom português.
|| napalmneto, 18:57 || link || (0) comments |

domingo, outubro 14, 2007

What lack of tea - Que falta de chá!

Há muito tempo atrás, numa galáxia distante, um jovem aspirante a senhor supremo das Trevas empreendeu uma série de guerras contra todos os planetas vizinhos que lhe recusassem uma chávena decente de chá durante as suas visitas de cortesia. Esta página negra da história do cosmos ficou conhecida como as 'Guerras Lipton'.
O maléfico aprendiz era temido pela forma impiedosa como reduzia sistemas inteiros a pó, que posteriormente guardava em saquetas utilizadas para bater na cabeça dos seus subordinados, e reconhecido por trajar de negro, evocando a sua infusão de eleição: o chá preto, que considerava ser o mais virtuoso de todos.
Singrando o hiperespaço na sua estação espacial privativa, semelhante a uma pequena lua com 120 km de diâmetro, dedicou-se a espalhar o terror em nome da fleuma, das toalhinhas com bordados e do butter shortcake.





|| napalmneto, 19:37 || link || (0) comments |

quinta-feira, outubro 11, 2007

God giveth walnuts to those without teeth - Dá Deus nozes a quem não tem dentes

A expressão máxima da inveja. Quem emprega esta expressão nunca parou para pensar que Deus distribui as nozes por todos os seus filhos na mesma medida. Só um invejoso é que pode achar que os desdentados não deviam receber as nozes divinas, porque tem o raciocínio toldado pela inveja e não descorre que quem não tem dentes parte as nozes com um quebra-nozes, com um martelo, com duas pedras da calçada, ou até mesmo na esquina de uma porta.

|| myguiltyself, 17:40 || link || (0) comments |
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