Dicionário Smart-Esperto

Ultra modum, sine causa.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Of thinking, a donkey died - A pensar morreu um burro

Foi no salão paterno que Sophie conheceu o Conde Eugène Ségur, que lhe proferiu pela primeira vez estas palavras («De tant penser, l'âne est mort», no original, referindo-se a uma pequena anedota de uma viagem sua a Marrocos) e com quem se casaria a 14 de Julho de 1819 .
Um matrimónio em grande parte infeliz, sendo que o esposo era ausente, descuidado (além de pobre), e suas inconstantes visitas ao castelo onde morava a Condessa, a despeito disso, renderam-lhe oito filhos - a ponto de o conde se referir à esposa como «la mère Gigogne» (ou «a mãe Matrioska»), numa referência às bonecas de madeira típicas da Rússia, onde uma figura esconde outra em seu interior e assim sucessivamente.
Farta de pensar em tudo isto; em Napoleão, nas couves e nas batatas, para não falar dos quase 40 anos de estopada conjugal, a Condessa de Ségur resolve escrever o seu primeiro conto com a idade de 58 anos. Uma chachada infantil cujo nome agora nos escapa, mas o que realmente interessa é que Sophie conseguiu canalizar os seus sentimentos, pá, chegar às crianças, 'tás a ver?
O seu livro, Memórias de um Burro, sintetiza ainda hoje o espírito da repressão feminina novecentista, inspirando autoras modernas desde Margarida Rebelo Pinto até Oprah Winfrey, que pensam que têm alguma coisa a dizer, a alimentarem os nossos pobres estômagos de ruminantes. Já agora, a vizinha sabia que «livro» também é o nome dado a um estômago? Assim se fala bom português.
|| napalmneto, 18:57

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