Dicionário Smart-Esperto

Em França, o réveillon consiste num longo jantar - possivelmente, seguido de uma festa -, realizado na noite que precede o Dia de Ano Novo. O nome baseia-se na palavra "réveil" (ou "despertar"), porque participar na refeição implica ficar acordado até à meia-noite, podendo esta estender-se até ao raiar do dia.

Nos países de expressão portuguesa, a festa veste-se inevitavelmente de uma certa frugalidade, abandonando a lagosta, as ostras, o foie gras e os caracóis manhosos, até porque "revelho" na língua de Camões já não auspicia nada de muito famoso.

Podemos por isso contar com a tradicional petiscada de burriés com champanhe do LIDL (ou vinho com sévénépe, para os mais ferrenhos), seguida do fogo de artifício, quais punzinhos celestiais, e com um bocado de sorte ainda se apanha o encore dos Xutos no Terreiro do Paço.

O serão findará, invariavelmente, com hordas de terroristas suburbanos a passearem baldes de excremento pela cidade, urrando por afecto, à espera de adormecerem ao pé de uma padaria que não irá abrir. Isto, se não chover, claro, senão fica tudo em casa a ver a Catarina que se baralha com os clíticos, e a pensar "mas o que é que aconteceu à Pensão Estrelinha e àquelas bêibes do Crazy Horse?".

Persiste ainda o hábito vetusto de elogiar a linha capilar retrocendente dos homens com princípios de calvície, desejando sempre "boas entradas".

São os nossos votos.