Dicionário Smart-Esperto

Ultra modum, sine causa.

domingo, dezembro 23, 2007

Those Who Sing Shoo Their Evils - Quem Canta Seus Males Espanta

Recentemente, surgiu nos círculos do espiritismo luso uma teoria segundo a qual o objectivo último e fundamental do programa televisivo Ídolos (embora não assumido explicitamente pelos seus criadores e produtores) não é revelar novos «talentos» da música, nem dar uma oportunidade aos grandes cantores do chuveiro, mas apenas exorcizar os demónios da nação.
Tudo começou numa tenebrosa noite de Inverno, quando o espírito de Zandinga apareceu em sonhos à equídea produtora televisiva Teresa Guilherme, revelando-lhe que, em 1640, um grupo de cultores do flamenco tinha lançado um mau-olhado sobre Portugal como vingança por D. João IV não ter libertado também a Andaluzia do jugo dos Espanhóis. Segundo a maldição andaluza, Portugal nunca terá um cantor de música ligeira de qualidade e está para sempre condenado a gramar fadistas e, com muita sorte, Carlos Paiões. Inicialmente Teresinha não levou nada disto a sério, mas ao recordar-se das participações portuguesas no Festival da Eurovisão, em particular a Dora e o cavaquinho da Lúcia Moniz, um arrepio de terror desceu-lhe pela espinha acima...
Sem perder tempo, Teresa pôs-se em campo e procurou contratar uma trupe de banshees irlandesas, com as quais planeava expulsar a má influência andaluza a toques de guincharia demoníaca. Todavia, a resposta de Irlanda foi rápida e clara: «Teresinha, temos pena, mas temos toda a gente metida no Lords of The Dance até 2014. Desta vez não te podemos safar... A não ser que queiras o Shane McGowan...» Lamentavelmente, o infortúnio mais uma vez bateu à porta e McGowan, ao ver uma foto da produtora, disse que não havia uísque que chegue no planeta para o ajudar a suportar tal coisa.

A foto infame
(na realidade, era uma dela em biquini que apareceu na Nova Gente, mas essa - Deus é grande - desapareceu)

Vendo-se assim, privada das mais potentes vozes exorcistas do planeta, Teresa recorreu a todo o seu engenho e concebeu um plano diabólico, infalível e, quiçá, maquiavélico: um programa que encoraja o povo anónimo a aparecer na televisão a guinchar como um porco na matança.
Os resultados, contudo, ficaram um pouco aquém do esperado: apesar do programa ter sido um sucesso de audiências, há agora quem jure que os Andaluzes amaldiçoaram Portugal a nunca ter um programa de televisão de qualidade e a estar condenado a importar formatos imbecis, criados por imbecis, produzidos por imbecis e destinados a imbecilizar os espectadores incautos.
|| myguiltyself, 03:04

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