Dicionário Smart-Esperto

Ultra modum, sine causa.

terça-feira, setembro 11, 2007

To Lick Soap - Lamber Sabão

O primeiro registo escrito desta expressão encontra-se nas Crónicas de Maurits van Nassau, de 1639, segundo as quais, as «donzelas licenciosas de Amsterdão - esse poço de iniquidade - adquiriram recentemente o hábito de lamber sabão (zeep likken em Neerlandês) após terem terminado os seus deveres com o cavalheiro, por forma a tirarem da boca aquele olor característico». Mais adiante o autor refere ainda que «em certa parte da cidade, conhecida por Distrito da Candeia Escarlate, mandaram distribuir-se barras de sabão, porquanto havia donzelas que se queixavam que não ganhavam para o sabão».
O segundo registo escrito desta expressão encontra-se numa carta particular enviada a um escudeiro de D. João IV, em que se declara que «nesta cidade do Porto, também deviam as vendedeiras lamber sabão, como noutras partes da Europa, para assim se lavarem o ares que aqui se respiram.»
Especula-se que a expressão terá sido levada para o Porto pelos marinheiros ingleses, que lá iam amiúde devido ao comércio de Vinho do Porto, que por sua vez a terão ouvido aos marinheiros holandeses ao lado dos quais tinham combatido os espanhóis na Guerra dos Oitenta Anos. Também muito se especula sobre a real natureza das «vendedeiras» referidas na carta. Estaria o autor a referir-se àquelas que vendem o prazer, ou às antecessoras das vendedeiras do Bolhão, ou seriam umas e outras as mesmas?
Certo é que a expressão se manteve corrente na cidade do Porto até finais do séc. XIX, pois é sabido que os tripeiros, nas palavras de Eça de Queirós «andam sempre com ele na boca e faziam bem em lavá-las de quando em vez».
Actualmente, o significado desta expressão deriva desta sentença queirosiana e a mesma é usada em tom de ameaça para repreender os petizes que dizem palavrões.
|| myguiltyself, 08:39

0 Comments:

Add a comment

javascript hit counter