Momento único na vida dos emigrantes portugueses espalhados por esse vasto e inóspito mundo, comparável apenas com o Hajj (a peregrinação dos muçulmanos a Meca).
Uma vez na vida, ou uma vez por ano para os mais abastados, cada emigrante português deve preparar-se para uma viagem espiritual (alguns chegam mesmo a ter alucinações, fruto das 18 horas de condução ininterrupta nas autoestradas europeias), que o levará de volta às suas origens (a «terra»), onde presenciará 4 casamentos, 2 baptizados, 3 festas de aldeia, e onde terá a oportunidade de lançar 2 foguetes e de ajudar os bombeiros a apagar 1 incêndio florestal de grandes proporções.
Esta é também a altura do ano mais temida pelos filhos dos emigrantes, que inusitadamente se vêem arrancados da civilização e atirados para as berças, onde são rapidamente cercados por diversos avós, tios e tias, primos e primas e outros familiares avulsos, constantemente a gritar: «Que grande estás, Jean Michel/Sophie Christine! Dá cá um beijinho! Não te lembras de mim? Pudera! Só tinhas 3 meses quanto saiste de cá da terra!»